POBREZA, TUBERCULOSE E MUITO MAIS

Cerca de 70% dos casos de tuberculose em África estão agora a ser diagnosticados e tratados, o que representa a taxa mais elevada de sempre na detecção de casos, graças aos esforços concertados dos países para enfrentar a ameaça da doença. Angola encontra-se entre os 20 países mais afectados pela tuberculose a nível mundial, com uma média anual de 65.000 novos casos de tuberculose nos últimos cinco anos.

Embora a taxa de detecção de casos tenha aumentado desde 2018, assistiu-se a um aumento significativo entre 2020 e 2022, passando de 60% para 70% de casos detectados, de acordo com o Relatório Mundial sobre a Tuberculose de 2023 da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Também se verificou uma redução notável no número de pessoas com tuberculose que não são diagnosticadas. Estima-se que 700 000 pessoas não foram diagnosticadas em 2022, uma redução de 10% em comparação com 2021. Para intensificar as diligências para acabar com a doença, através de esforços mundiais concertados para fazer avançar a detecção, o diagnóstico e o tratamento, o Dia Mundial da Tuberculose foi assinalado este ano com o tema “Sim! Podemos acabar com a tuberculose!”

Em África, vários factores ajudaram a aumentar as taxas de diagnóstico da tuberculose. Durante a pandemia de COVID-19, muitos países mantiveram serviços de notificação da tuberculose, garantindo que os casos eram detectados e tratados.

Na Nigéria, que tem um enorme fardo de tuberculose, a notificação de casos quase triplicou nos últimos cinco anos, de 106 000 casos em 2018 para 285 000 casos em 2022. A melhoria na gestão da infecção por VIH, um factor significativo da tuberculose, também aumentou as taxas de detecção da doença.

“Ainda são necessários mais esforços para reduzir os impactos devastadores desta doença nas famílias e nas comunidades. A OMS continua a colaborar de perto com os governos para ultrapassar os obstáculos à detecção, tratamento e cuidados, e acelerar a dinâmica para fazer da tuberculose uma coisa do passado,” declarou Matshidiso Moeti, Directora Regional da Organização Mundial da Saúde para a África, que representa 23% dos casos de tuberculose e 33% das mortes a nível mundial, está a fazer progressos constantes com vista a acabar com a doença.

Por exemplo, África do Sul, Cabo Verde e Essuatíni alcançaram uma redução de, pelo menos, 50% nos casos de tuberculose. A Estratégia da OMS para pôr fim à tuberculose apela aos países que reduzam as mortes em 75% e os casos em 50% até 2025, por comparação com os níveis de 2015.

Em toda a região, as mortes por tuberculose caíram 38% e os novos casos diminuíram 23% em 2022, quando comparado com 2015. Os países com um fardo elevado de tuberculose ultrapassaram o marco de 2025 para reduzir as mortes por tuberculose.

Apesar destes progressos, são necessários esforços adicionais para atingir as metas mundiais da estratégia para pôr fim à tuberculose para 2030, com vista a reduzir as mortes por tuberculose em 90% e os casos em 80%. Estes incluem um aumento dos investimentos nos programas de controlo da doença.

Em 2022, o plano mundial para pôr fim à tuberculose 2018-2022 estimou que seriam necessários 3,9 mil milhões de dólares para alcançar as metas para a região africana, mas apenas foram mobilizados 890 milhões de dólares para a prevenção, diagnóstico e tratamento da tuberculose. O financiamento interno representou cerca de 46% do financiamento total para o combate à tuberculose (54% do financiamento internacional) em 2022.

O acesso limitado aos serviços de saúde, as infra-estruturas inadequadas de saúde, a qualidade insuficiente dos cuidados, os inadequados recursos humanos e financeiros para a saúde e a protecção social inadequada também estão a impedir os progressos para pôr fim à tuberculose.

A nível mundial, a tuberculose continua a ceifar milhões de vidas todos os anos. Na região africana, a tuberculose foi a segunda principal causa de morte causada por um único agente infeccioso, com cerca de 2,5 milhões de pessoas a adoecerem e 424 000 vidas perdidas em 2022.

Em Angola, De acordo com o Secretário de Estado para a Saúde Pública, Carlos Pinto de Sousa, a tuberculose representa a 3ª principal causa de morbilidade e mortalidade no país.

“A tuberculose não é apenas um problema de saúde pública, é também um problema de pobreza. O governo considera a sua eliminação uma prioridade e uma oportunidade para o desenvolvimento social e económico do país,” afirmou Carlos Pinto de Sousa, não se sabendo se a ligação da tuberculose à pobreza é, ou não, mais um capítulo da tese do general João Lourenço que visa provar que o MPLA fez mais em 50 anos do que os portugueses em 500.

Apesar dos esforços em curso, Angola encontra-se entre os 20 países mais afectados pela tuberculose a nível mundial, com uma média anual de 65.000 novos casos de tuberculose nos últimos cinco anos. Vários desafios permanecem, especialmente em regiões como Benguela, Namibe e Luanda, onde as taxas de incidência e prevalência continuam a ser mais elevadas do que a média nacional.

Estes dados sublinham a urgência de uma acção colectiva para combater a epidemia de tuberculose e salientam a necessidade de esforços conjuntos e sustentados para acabar com a tuberculose em Angola através de acções coordenadas, tais como a intensificação das medidas de prevenção e tratamento, particularmente em áreas críticas, mantendo ao mesmo tempo um esforço global para reduzir o fardo da tuberculose em todo o país.

Para acelerar a acção e acabar com a tuberculose, a OMS apoiou a revisão do Plano Estratégico Nacional para a Tuberculose 2018-2022 e a elaboração de um novo Plano Estratégico para a Tuberculose (PEN TB 2023-2027). Esta intervenção está em consonância com a declaração política dos Chefes de Estado e de Governo e dos representantes dos Estados e Governos sobre o “compromisso de acabar com a epidemia de tuberculose até 2030”, assinada na segunda reunião de alto nível das Nações Unidas sobre tuberculose, realizada em Setembro de 2023.

O representante interino da OMS em Angola, Yoti Zabulon, disse que é necessário continuar a trabalhar em conjunto para desenvolver abordagens inovadoras para chegar às populações vulneráveis e garantir que tenham acesso aos cuidados e à gestão de qualidade da tuberculose.

“A OMS felicita Angola pela expansão da rede de serviços de tuberculose para acabar com esta doença. Acreditamos que o compromisso político demonstrado pelo governo, aliado a futuras medidas rápidas, como o aumento do investimento, a adopção de inovações e as novas recomendações da OMS para a eliminação da tuberculose, bem como o reforço da colaboração multissectorial e entre países, podem acelerar a resposta à doença, salvando milhões de vidas dos nossos cidadãos.”

A nível mundial, a tuberculose é a segunda principal causa de morte infecciosa, a seguir à COVID-19. Todos os anos, cerca de 1,3 milhões de pessoas perdem a vida e cerca de 10,6 milhões são afectadas pela doença.

A tuberculose é uma doença causada pelo bacilo de Koch, que destrói o pulmão, podendo ser disseminadas para outras partes do corpo, tais como ossos, meninges, órgãos genitais e rins. Nos infectados, os sintomas mais frequentes são a perda de peso, revelando um emagrecimento, febre baixa, que se apresenta mais ao fim do dia, tosse que se estende por mais de três semanas.

O tratamento da tuberculose é feito à base de antibióticos e é eficaz desde que seja feito correctamente, sem abandonar os cuidados necessários ou a medicação.

Alguns grupos estão mais vulneráveis a adquirir a doença, tais como portadores de doenças que debilitem o sistema imunológico (imunodeficiências) e pessoas que sejam dependentes de álcool ou outras drogas. Indivíduos que apresentem quadros de desnutrição também são consideradas grupos de risco. Por isso, algumas medidas de prevenção são fundamentais para evitar a doença.

A primeira das recomendações de prevenção seria fazer a vacina da tuberculose (BCG) até aos 30 dias depois do nascimento, ou o mais rápido possível durante a infância. De acordo com o especialista, hábitos de vida mais saudáveis também são formas de prevenção.

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